segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

capitalismo humanitário

Há algum tempo que concordo com uma afirmação dos dirigentes sindicais deste país:quem mais lucra com o crescimento económico são os capitalistas (por oposição aos trabalhadores), onde se incluem os possuídores de capital, de propriedades ou de iniciativa empreendedora.
O que não percebo é porque a forma de reacção a esta constatação de facto se limita a chamarem-lhes "porcos", em vez de se virarem para os trabalhadores que representam e dizerem "imitem-nos!".
Há um tempo que acredito que é esse o caminho. Cedo acompanhei - na medida do possível - o plano de privatizações, tornando-me "capitalista". Cedo percebi que em vez de emprestar dinheiro ao banco para este emprestar às empresas, melhor era faze-lo directamente através de fundos de obrigações.
Tornar-me proprietário da habitação própria também foi um passo seguido, se bem que este seja comum. Porque não acredito ter know-how suficiente numa àrea específica para embarcar num negócio sozinho, não enveredei ainda por este caminho do empreendedorismo, embora admire quem o faça.
Recentemente tomei conhecimento de mais um canal para esta senda do capitalismo popular de que sou adepto: empréstimo (quase)directo a particulares. Há um site que junta pessoas que não conseguem recorrer ao crédito bancário normal e em vez de aceder a agiotas ou àquelas empresas que emprestam a juros absurdos, procuram pessoas com dinheiro para investir, que aceitam algum risco de incumprimento em troca de um juro bem melhor do que os dep. a prazo. Descobri depois que Prosper é apenas de e para americanos. [confesso, este site está pejado de pessoas que se atolaram no credito ao consumo, que francamente ,não me suscitam mínima compaixão]

Esta semana a Visão trouxe aos meus olhos um site inovador: Kiva aplica este mesmo princípio de aproximar aforradores a credores. No entanto, em vez de se dirigir a americanos "entalados", os beneficiários são pessoas de países sub-desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento que acreditam que, com um pequeno emprestímo e a sua força de vontade, conseguem saír do ciclo de pobreza em que estão encurralados. E isto com somas muito pequenas (para os conceitos ocidentais, entenda-se). Na prática isso é a aplicação dos princípios do microcrédito do sr. Yunus e o seu Grameen Bank, cujo Nobel de 2006 eu festejei no dia 13 deste mês e torná-lo disponível a qualquer pessoa que queira ajudar!!!
Este site fez-me lembrar um livro que estou a ler, onde diz que, se os países ricos doassem/investissem o que prometem, pouco mais do que 1% do PIB, a probreza mundial se extingueria em 20 anos ou os 20% da população que vivem com menos de 1 US dolar/dia ultrapassariam essa fasquia.
Sinto-me verdeiramente tentado a contribuir com o meu 1% de "PIB" para esta causa! E, a julgar pelo testemunho do sr.Yunus (que diz que neste tipo de crédito a tx. de incumprimento é inferior ao dos bancos comerciais), para o próximo ano vou poder passar a 2%, e por aí adiante!

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