sábado, 31 de maio de 2008

Sobre o Dia Mundial da Criança de amanhã...

... descobri a crónica de Fernando Alvim no Metro de ontem, com o título:
"O melhor do Mundo não são as crianças. É o Cristiano Ronaldo"
E reza assim:
"Dizem-me que o melhor do mundo são as crianças e eu sinceramente não acho nada. Há coisas melhores no mundo, como por exemplo, esparguete à bolonhesa, as cataratas do Niagara e queijo flamengo e, além disso, o melhor do mundo é, como toda a gente sabe, o Cristiano Ronaldo, que não é propriamente uma criança.

As mulheres tendencialmente dizem gostar muito de crianças e chamam a si uma maior afinidade que advém - dizem - do facto de terem nove meses de avanço em relação aos homens. E depois, passam uma vida inteira a dizer em tom depreciativo que os homens se portam como verdadeiras crianças. Esperem lá: não são justamente as mulheres que dizem gostar tanto delas? Que lhes desculpam tudo e mais alguma coisa? Que afirmam de forma peremptória que estas são a melhor coisa do mundo? Ora, sendo assim, porque raio é que, quando nós os homens as imitamos somos tão criticados? Ser criança não é tão bom? Então porque nos censuram em vez de nos fazerem Nestum com mel?

Eu não gostava nada de ser criança e via o mundo dos adultos como um objectivo a atingir o mais rapidamente possível, na esperança de ainda ir a tempo e jogar na bolsa e comprar acções da EDP. O pior que me podiam fazer enquanto criança era terem conversas ao meu lado, falando sobre mim e convencidos de que eu não percebia patavina do que diziam. Lembro-me bem da minha mãe dizer a uma tia minha: "Este meu filho nasceu muito tortito. Não seria melhor doá-lo à ciência para fazerem experiências?". Ao que a minha tia respondeu: "Não faça isso. É muito melhor vendê-lo". O que, felizmente, num caso ou noutro, nunca viria a verificar-se, pois sob nenhuma das formas me aceitaram.

Gostei de ser criança, foi muito bom, roubei maçãs, beijos e vasos das varandas, mas não voltaria a ser criança nem que me pagassem um jantar no Gambrinus. Esperem lá, no Gambrinus se calhar até pensaria duas vezes, mas de outro modo não voltaria de coisíssima nenhuma porque é muito chato comer sopa de espinafres só porque dá força, peixinho que tem muito ferro, creme de cenoura que faz muito bem aos olhos, laranja que tem vitamina C, usar sempre o chapéu - normalmente uns amarelos de uma conhecida marca de tintas - porque podemos apanhar uma insolação, deitarmonos depois da previsão metereológica para o dia seguinte, não leias no carro que podes ter uma deslocação de retina, não ponhas a cabeça de fora do vidro e, o pior de tudo, cortarem-nos o filme na melhor parte só porque, e passo a citar: "Estes filmes não são para a tua idade". E depois disto, é perfeitamente natural que exista um Dia Mundial da Criança. Eu estou incondicionalmente do lado delas."

Este gajo não existe!

(agradeço ao Mustek que teve a mesma ideia que eu, mas mais cedo e me poupou de tamanha transcrição...)

quinta-feira, 29 de maio de 2008

always look at the bright side of life.....

De há uns tempos para cá, à medida que o preço da gasolina tem vindo a subir, tenho optado por uma condução mais defensiva. Não que fosse gajo de deixar marcas dos pneus nos semáforos, mas sei que se por exemplo mantiver-me abaixo das 3000rpm, e reduzir a velocidade uns 20-30 kms/h, chego um bocadinho mais tarde ao destino mas o consumo agradece.

Todos sabemos que as Autoridades Rodoviárias insistem que as principais causas de sinistralidade são o àlcool e o excesso de velocidade.
[Eu discordo, pois estes apenas reduzem a capacidade e tempo de reacção, quando as causas são falhas de condução +/- graves (nem sempre do próprio), estado do piso, estado da viatura, etc...]
Mas indesmentível é que um abstémio que ande mais devagar tem mais probabilidade de evitar um acidente ou minimizar os seus danos.

Ora, se todos fizerem como eu e reduzirem a velocidade para poupar, a sinistralidade tende a diminuir, o que é bom!
Afinal o Governo pensa mais longe quando mantêm a actual carga fiscal sobre os combustíveis!

(Nota: eu não sou favorável à sua redução. Apenas gostaria de ter mais certeza que a fiscalização sobre a formação dos preços está a ser rigorosa.)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Weird is Good!

É sempre um prazer ser surpreendido. Ontem à noite, no Theatro Circo, Coco Rosie fizeram exactamente isso. Um piano, uma guitarra acústica, uma harpa, uma voz operática, uma beatbox humana e uma tonelada de instrumentos não convencionais conduziram a um concerto excepcional.

Aqui fica uma amostra de um dos favoritos da noite. By Your Side, um tema sobre a ténue linha que separa o amor obsessivo da violência doméstica. A primeira versão é idêntica à tocada ontem no Theatro Circo, ao passo que a segunda é acústica.



domingo, 25 de maio de 2008

O que estamos a fazer às nossas crianças?

Ontem passei uma parte descomunal do dia numa grande superfície. Daquelas que é capaz de moer o juízo a qualquer adulto.
Uma das minhas maiores incógnitas enquanto adulto sem filhos é saber porque é que país e famílias persistem em levar as suas crianças para sítios destes, quando todos sabemos - acho - que a sua paciência para coisas chatas e enfadonhas é infinitamente inferior a de um adulto e que mais cedo ou mais tarde vai haver rezinguice, choro, aquelas coisas que tiram a paciência a qualquer adulto, paciência essa que já está à prova pela permanencia naquela gigante loja cheia de gente.
Não haverá us avós, uns amigos, uns vizinhos caridosos que brinquem um pouco com a criançada enquanto os país se tentam safar num instante?

Mas nem é esse o tema do post, porque esta loja até dispõe de, não um mas vários, sítios de passa-tempo infantil. Aliás, foi precisamente na próximidade de um desses postos que vi mãe e filha de mão dada quando ouço a filha dizer "ali está uma casa para se brincar", palavra-passe para ter autorização de soltar a mão e desatar a correr.
Mas 'pera... esta não é a voz típica de uma criança de 3-4 anos....
Esta é a voz, a entoação, o ritmo, a pronúncia, de uma qualquer locutora de banda-desenhada, reproduzida na perfeição pela criança de uma forma que me meteu medo, muito medo!

sábado, 24 de maio de 2008

quinta fui ver ...

...o senhor com um instrumento esquisito na boca. Aqui, com o vibrafonista Gary Burton, tocam a banda sonora de um dos meus filmes favoritos.

No concerto, não teve o Gary, nem tocou esta musica, mas teve um violinista que cantava e um percursionista capaz de histerizar o público. Ah! E tocou acordeão, como só o mestre Piazolla sabia fazer :)

More Elevator Music

A propósito do post anterior...


terça-feira, 20 de maio de 2008

Elevator Music


Aquele
filme que não estava disponível, do Pangea Day (o meu preferido).
É uma lição de convivência num mundo com muita diversidade num minuto e meio.

Música no elevador!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Parabéns, Pedro!

Caro Amigo e co-autor,

Para além de votos de um feliz aniversário e muitos anos de vida, gostaria de lembrar-te que somos amigos há 18 anos, pelo que temos de aproveitar esta ocasião para celebrarmos a maioridade da nossa amizade.

Como proprietário de um novo imóvel, desejo-te um ano igualmente inspirado para a decoração de interiores ;-)

Um abraço amigo,
Fernando

PS: Se não sabem o que oferecer como prenda, deixo-vos aqui uma sugestão: tudo o que possa ajudar a decorar o novo lar é uma prenda bem-vinda!

domingo, 18 de maio de 2008

Como te chamas?

(reprodução de uma conversa que tive esta semana, com os nomes alterados)

- Boa tarde, posso falar com a Filomena?
- Está ao telefone, aguarda?
- Não é necessário, dê-me o e-mail novo dela, sei que vocês mudaram os endereços todos, ela depois responde-me.
- Sim, sim. Acho que é Filomena Silva...
- Com ponto no meio? Mas, nao era Filomena Gomes?
- Espere lá, ela desligou, vou-lhe passar e ela dá-lhe.
...
- Olá boa tarde, é Pedro da XPTO, Lda, diga-me uma coisa: casou-se? É que estava a pedir o seu e-mail novo, e a Andreia estava a dar-me filomena.silva e eu tinha aqui o antigo como filomena.gomes....
- Não, divorciei-me... fui casada 20 anos, este é o meu nome de baptismo.


(o silêncio, o embaraço, eu quero um buraco para enfiar a cabeça, JÁ! )

É o mal do meu serviço: lido com fornecedores e clientes por telefone, e-mail e fax há anos e poucos são os que conheci presencialmente. E com base na voz, no teor da conversa, conceptualizamos personagens. a Filomena desta história, pela sua jovialidade, imaginava-a com 26/27 anos. E arrisquei a graçola, que me correu mal :S

Mas isso deixou-me a pensar: porque raio as pessoas, ou melhor dizendo as mulheres, adquirem o nome de família do seu marido? O casamento transmuta-as? Aos homens não lhes é exigído tal violência...
Eu, pelo menos, se um dia me unir a alguém, não espero que esta altere mais de si do que metade do caminho para uma convivência saudável, muito menos o seu nome!

sábado, 17 de maio de 2008

O lixo a quem o produz

Há uns tempos atrás, soube que a Suiça tem um sistema engenhoso de gestão de lixo.
O material reciclável, colocado nos locais próprios não paga nenhuma taxa. Por oposição, o lixo não reciclável só pode ser depositado em sacos que os cidadãos compram às Autoridades Locais. Esta é uma forma de incentivo claro à reciclagem, pois quanto menos tiver que ir para as sacas pagas, melhor. Óbvio, o sistema só funciona, porque há uma rede bem montada de inspectores de caça ao infractor que colocou o lixo numa saca não autorizada, chegando ao ponto de vasculhar o lixo deixado e usar técnicas que conhecemos do CSI para identificar e multar os infractores.



Tudo isto me veio à memória quando soube da existência de 2 enormes bolsas com lixo no Oceano Pacífico. Especialistas avaliam que 20% deste lixo provem das plataformas petrolíferas e de navios que cruzam o Oceano. Por outras palavras, 80% desta alarvidade foi dejectada pelos Países cuja costa o Pacífico banha. E, pelos padrões de consumo (e muito concretamente, por sinais tangíveis como as embalagens e etiquetas) até não deve ser assim tão difícil adivinhar quais os principais responsáveis!
E serem efectivamente responsabilizados e obrigados a resgatar todo este lixo, por forma a reconstituir-se o eco-sistema marinho local e devolver àquela fracção do Pacífico o seu papel de estabilizar o cada-vez-mais-frágil equilíbrio ecológico global.
(atendendo que 90% deste lixo são plásticos, logo reciclável, seria matéria-prima a custo do seu resgate)


Eu sei, sou crente... :S

sexta-feira, 16 de maio de 2008

2008 começou bem


http://pftv.sapo.pt/16/21/?v=fIZR8v8pDYMSBMk6Gyz5

ilustra um pouco como têm sido e vão ser as próximas 2 semanas da minha vida, o que é bem bom, é que é um conceito muito elástico...
bom fim-de-semana para vocês!

já agora, ficam a saber que, apesar de esta sensação não ser partilhada por todas as almofadas deste sofá, este foi, para mim, um dos momentos mais altos deste ano, mesmo tendo sido logo no início, não vou esquecer:

eu vi as Doce ao vivo!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

novo record

http://galizacig.org/imxact/2004/10/petroleo_coche.jpg

Para mim, o 1º marco histórico no valor do barril do petróleo, foi quando atingi os 50 euros ao atestar o depósito.
Hoje, um novo marco histórico: 58 euros!
Onde é que isto vai parar??
Uma ambientalista, de trazer por casa, é certo, mas convicta, a achar que os bio-combustíveis iam salvar o mundo, afinal, não. Sendo o nível de emissões de carbono dos combustíveis fósseis o que despoletou toda a polémica do aquecimento global...
O que é que fazem? Aumentam os preços para que as pessoas sintam o peso do preço e gastem menos combustível e assim, diminuem as emissões de carbono para a atmosfera? Mas e o preço de tudo que sobe, principalmente o da comida e o dos transportes (para ir trabalhar e ganhar dinheiro)?
Sinto-me um bocado perdida...
Para já, vou separando o lixo e guardando tampinhas para entregar na Misericórdia de Vila do Conde. Acho que o próximo passo vai ser comprar a bicicleta.
Não estou a perceber como é que o mundo vai resolver esta questão.

Parece que foi há 23 anos


Cortesia de PM


Foi em 1985, era pela fome na Etiópia e o Michael Jackson ainda era preto...


segunda-feira, 12 de maio de 2008

E ao contrário da Claudia com o Holmes Place...

....Nada como ter uma coisa para a menosprezar!...

É um bocado idiota este sentimento, mas a verdade é que eu devia estar a festejar e não estou.
As obras da minha casa demoraram uma eternidade. O processo desde a decisão de remodelarmos a casa até o ínicio das obras já tinham demorado 2 ou 3 eternidades....

Agora que a casa ficou pronta, parece que fiquei sem um objectivo a conquistar, a ideia de fazer 1, 2, 10.000 festas de inauguração já não me parece assim tão boa.

Desculpem, foi só um desabafo, isto passa...

domingo, 11 de maio de 2008

Pangea Day

Tive oportunidade de participar no grande Pangea Day dada a capacidade organizativa e mobilizadora que o meu amigo LL tem: um grande Bem Haja, para ti!

O Pangea Day decorreu ontem, dia 10 de Maio, entre as 19h e as 23h GMT+1 e foi um evento planetário, em nome da PAZ e do DIÁLOGO INTERCULTURAL. Todo o mundo, via internet, esteve conectado para ver 24 mini-filmes escolhidos pela sua capacidade de inspirar, transformar e ajudar-nos a ver o mundo através dos olhos de outras pessoas (muito bem explicado no blog E foi naquele jantar) .

Making a long story, short: foi um Live Aid na internet com filmes e algumas músicas.

Tenho a dizer que foi, de facto, inspirador. A possibilidade de ver e ouvir o mundo pelos olhos de outras pessoas, noutros contextos, e na 1ª pessoa... gets to you!

É verdade que nos mostrou o que já sabemos e o que até intuíamos, mas ver e ouvir... Conclusão: the world sucks, mas HÁ ESPERANÇA!
E que começa em cada um e na tolerância e respeito que se tem que ter pelas diferenças. Todos sabem isso, mas a visão dos mini-filmes permite-nos concluir que há muita gente a não praticar.

A maior parte dos filmes que passaram estão disponíveis aqui.
Deixo alguns dos que vi e mais gostei, com os meus próprios títulos. Podem escolher a língua das legendas.
(Atrevo-me a sugerir que não os vejam seguidos se estiverem perto de uma janela num prédio alto, é que vos pode dar para a depressão...)
Jogar volei na fronteira México / USA
Perspectivas diferentes
Quando os estrangeiros chegam a casa
O amor no metro
O que foi o Líbano
As pessoas são o mais importante (este arrumou comigo)

Afinal não consegui escolher muito, na página principal, podem ver todos...

PS1: Há um filme de um tuga (Luis Manuel Almeida) que, de entre os mais de 2500 a concurso, ficou seleccionado nos 24 melhores, mas é o único que é necessário pagar para ver.
PS2: Para quem esteve Chez LM, o do elevador não está disponível

quinta-feira, 8 de maio de 2008

fui multada!!


Foi a 1ª vez na minha vida que fui multada com razão e o admito!

Tenho sucessivamente sido multada com base em razões legais, mas imorais. E esses factos causam-me sempre indignação, aliás todos os meus amigos, e os próprios polícias, que me autuam ficam a saber que discordo e a razão, devidamente fundamentada.

Essa indignação dá sempre direito a uma sensação de superioridade moral às figuras de autoridade que representam a Lei de forma indiscriminada e descontextualizada. E à respectiva história, contada com pormenor, à volta de uma qualquer mesa.

Hoje, não posso!
É que nem discuti com o Sr. Agente. Nem senti que tinha algum tipo de ascendente moral sobre a situação porque, o que fiz, é ilegal e injustificável.

Afinal, pior que ser multada, é não poder refilar...

terça-feira, 6 de maio de 2008

Hoje estou...


Uma amiga fez-me revisitar "Letter from home" do àlbum "Travel" de Pat Metheny. As cabeleiras fartas dizem bem de que década esta música é...
Mas a Magia mantém-se :)

Não há como não se ter uma coisa, para a querermos...


Depois de muito me debater se havia de deixar o ginásio em que me inscrevi em Abril de 2005 e que frequentava uma média, não exagerada, de 2 vezes por mês (!) e pelo qual pagava uma quantia obscena, finalmente cancelei a transferência.

Trata-se do ginásio (eles lá chamam-lhe 'clube') mais confortável e mais bonito (e de certeza o mais caro!) da cidade: o pessoal que lá trabalha é sempre simpático, as instalações são amplas, têm muitas salas com luz directa (sem expor as pessoas na 'montra' para quem passa), têm todos os gadgets de workout e montes e aulas diferentes, já para não falar nos balneários que, tirando a marca do shampoo (na qual sou esquisita) até cotonetes lá têm...

Falta dizer que, além da minha pouca frequência ao ginásio, na altura da diminuição do IVA a mensalidade aumentou! Ou seja, eles encaixaram, por pessoa, 19% de aumento!! Ah, sem informar o cidadão. São um bocadinho gananciosos...

Fiquei doida. Mas na inércia que caracteriza as pessoas que pagam as contas por transferência bancária e têm há anos o hábito da modalidade desportiva "inscrição em ginásio", levou a que adiasse - quase eternamente - a decisão de me desinscrever.

O que me fez tomar a grande e difícil decisão, foi ter visto uma programa que dá ao sábado, à hora do almoço "Reclame R/" da responsabilidade da DECO em que constatei que a maior parte das reclamações de ginásios era do HP. Com descrições pormenorizadíssimas e aterradoras de assalto à mão desarmada e, uma coisa que me inerva profundamente, de índole altamente imoral!

Todo o mês de Abril fui nesse dia e no último (mantendo a média): fui a última a sair!
Mas o que me leva a escrever este post é que no dia seguinte queria ter lá ido: não estava bom tempo para ir andar a pé e queria ir lá, mas já não podia... Passei o fim de semana inteiro a pensar que teria lá dado uma 'saltada', se ainda estivesse inscrita.

A vida é uma coisa lixada: mesmo depois de constatar que os tipos são uns ladrões e aldrabões, de ter a estatística de frequência do ginásio mais baixa da cidade, só porque não posso ir, já me apetece.

Alguém sabe de um ginásio fixe, que não seja o HP?

domingo, 4 de maio de 2008

My Blueberry Nights

Ir ao cinema não tem que ser uma experiência sofisticada e altamente intelectual. Por vezes, gosto de me deixar levar por um filme despretencioso e sem outro objectivo que não seja o puro entertenimento. Foi com esta ideia em mente que me desloquei à "catedral" cinematográfica de Vila Nova de Gaia para ver My Blueberry Nights, com a tradução livre para português "O Sabor do Amor".

Mas os filmes pregam-nos partidas. My Blueberry Nights, um filme de Wong Kar Wai, com Norah Jones, Jude Law, Natalie Portman, e Rachel Weisz, é surpreendente sob diversos aspectos. Em primeiro lugar, pela forma como foi realizado, demonstra uma invulgar componente teatral, uma vez que é marcado pelos grandes planos dos actores e por longas sequências sem acção. Em certo sentido, é aquilo que muitos designam por um filme "muito parado", com o realizador a não hesitar em ficar concentrado durante cinco minutos no diálogo entre duas personagens, desfocando tudo o que os rodeia.

Um segundo ponto a realçar é a substância dos diálogos e o realismo das personagens. Pode dizer-se que não há nada de irreal no filme. Tal como as personagens, todos nós somos frequentemente afectados pela ausência, ou dificuldade de diálogo e comunicação com os outros, sobretudo com aqueles que nos são mais queridos. Um dos méritos do filme reside precisamente no facto de nos identificarmos com as personagens nele representadas.

Por último, é de realçar a surpreendente interpretação de Norah Jones. Raramente os músicos dão bons actores, mas neste caso a experiência é, a meu ver, francamente positiva. O melhor elogio que se pode fazer à interpretação da cantautora é que é desprovida de tiques pretenciosos que caracterizam muitos profissionais. Poderá argumentar-se, e com razão, que ainda é cedo para uma conclusão definitiva, mas por agora pode dizer-se que Norah Jones evita o embaraço e revela um futuro promissor na Sétima Arte.

No Semanário Expresso, a crítica ao filme divide-se. O pseudo-intelectual Francisco Ferreira atribui-lhe uma bola preta. Jorge Leitão Ramos, com quem concordo frequentemente, dá-lhe três estrelas, sem dúvida bastante mais ajustadas à valia da obra.

Diz que é assim!!



À minha mãe e a todas as minhas amigas que são mães