... descobri a crónica de Fernando Alvim no Metro de ontem, com o título:
"O melhor do Mundo não são as crianças. É o Cristiano Ronaldo"
E reza assim:
"Dizem-me que o melhor do mundo são as crianças e eu sinceramente não acho nada. Há coisas melhores no mundo, como por exemplo, esparguete à bolonhesa, as cataratas do Niagara e queijo flamengo e, além disso, o melhor do mundo é, como toda a gente sabe, o Cristiano Ronaldo, que não é propriamente uma criança.
As mulheres tendencialmente dizem gostar muito de crianças e chamam a si uma maior afinidade que advém - dizem - do facto de terem nove meses de avanço em relação aos homens. E depois, passam uma vida inteira a dizer em tom depreciativo que os homens se portam como verdadeiras crianças. Esperem lá: não são justamente as mulheres que dizem gostar tanto delas? Que lhes desculpam tudo e mais alguma coisa? Que afirmam de forma peremptória que estas são a melhor coisa do mundo? Ora, sendo assim, porque raio é que, quando nós os homens as imitamos somos tão criticados? Ser criança não é tão bom? Então porque nos censuram em vez de nos fazerem Nestum com mel?
Eu não gostava nada de ser criança e via o mundo dos adultos como um objectivo a atingir o mais rapidamente possível, na esperança de ainda ir a tempo e jogar na bolsa e comprar acções da EDP. O pior que me podiam fazer enquanto criança era terem conversas ao meu lado, falando sobre mim e convencidos de que eu não percebia patavina do que diziam. Lembro-me bem da minha mãe dizer a uma tia minha: "Este meu filho nasceu muito tortito. Não seria melhor doá-lo à ciência para fazerem experiências?". Ao que a minha tia respondeu: "Não faça isso. É muito melhor vendê-lo". O que, felizmente, num caso ou noutro, nunca viria a verificar-se, pois sob nenhuma das formas me aceitaram.
Gostei de ser criança, foi muito bom, roubei maçãs, beijos e vasos das varandas, mas não voltaria a ser criança nem que me pagassem um jantar no Gambrinus. Esperem lá, no Gambrinus se calhar até pensaria duas vezes, mas de outro modo não voltaria de coisíssima nenhuma porque é muito chato comer sopa de espinafres só porque dá força, peixinho que tem muito ferro, creme de cenoura que faz muito bem aos olhos, laranja que tem vitamina C, usar sempre o chapéu - normalmente uns amarelos de uma conhecida marca de tintas - porque podemos apanhar uma insolação, deitarmonos depois da previsão metereológica para o dia seguinte, não leias no carro que podes ter uma deslocação de retina, não ponhas a cabeça de fora do vidro e, o pior de tudo, cortarem-nos o filme na melhor parte só porque, e passo a citar: "Estes filmes não são para a tua idade". E depois disto, é perfeitamente natural que exista um Dia Mundial da Criança. Eu estou incondicionalmente do lado delas."
Este gajo não existe!
(agradeço ao Mustek que teve a mesma ideia que eu, mas mais cedo e me poupou de tamanha transcrição...)
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1 comentário:
eu fui tb uma criança adulta sempre consciente da estupidez que são aqueles jogos de criança (os das palmadas com palavras imperceptíveis). consciente de q me estavam a observar...
hj n. a espontaneidade é um elemento mais forte. e agora gosto de crianças , mais do que antes. nao gosto de trata las como estúpidas, nem acho q tudo o que façam seja inocente e maravilhoso.
não seria um jantar no japao me levava para a infancia- e eu gostava mt de ir ao japao.
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